segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Gato escaldado: O mundo teme uma nova crise causada pelo petróleo

Gato escaldado 15/03/2000 especial de VEJA
O mundo teme uma nova crise causada pelo petróleo
As pessoas andam espantadas com os saltos que o preço internacional do petróleo tem dado nos últimos tempos. Depois de anos de calmaria, de produção farta e preços em queda, os países produtores de petróleo parecem estar sofrendo de esquizofrenia. Na semana passada, para cada dia de alta na cotação do petróleo, houve um de baixa. É difícil entender o que está acontecendo, e a lembrança dos choques dos anos 70 e 80 ainda está muito vívida. Naqueles anos, a redução na extração de óleo provocou crises econômicas de proporções planetárias. Teme-se que algo semelhante volte a acontecer. O risco existe, já que o petróleo ainda é um componente importante na formação de todos os preços da economia – desde a alface, transportada de caminhão, até o plástico de embalagem. Mas a observação do quadro do consumo de energia no mundo nos últimos anos é tranqüilizadora. A dependência em relação ao petróleo está diminuindo. Em muitas áreas o óleo vem sendo substituído por energia obtida em hidrelétricas, usinas nucleares, por gás natural e até pela força dos ventos. No Brasil, a participação do petróleo na energia consumida caiu de 42% em 1973 para 35% atualmente.
Confrontado com esses fatos o temor mundial parece exagerado. No entanto, americanos, ingleses e brasileiros estão olhando o fenômeno com atenção. No Brasil, o preço dos combustíveis foi elevado em cerca de 7% no dia 1º de março. Isso ainda não fez disparar a inflação, mas um novo aumento poderia provocar um desequilíbrio na economia, o que ninguém quer. Na semana passada o presidente Fernando Henrique Cardoso tocou no assunto. Disse que não pretende aprovar novo aumento antes de julho. "Não está nos nossos cálculos", explicou. Nos Estados Unidos, Alan Greenspan, o presidente do Fed, o banco central, já deu sinais de que os juros subirão se a inflação subir, empurrada pelo petróleo. Isso esfriaria a economia dos EUA, locomotiva da economia mundial.

Os americanos, que são os maiores consumidores de petróleo do planeta, são os mais interessados na questão. Seu governo tem pressionado o México e a Arábia Saudita para que aumentem sua produção de petróleo. Quando a pressão cresce, os preços caem. No dia seguinte, voltam a subir. Explica-se. O petróleo é mercadoria farta, e portanto barata, desde que a União Soviética, detentora de enormes reservas, se esfacelou em dezenas de países. Recentemente os produtores decidiram reduzir a extração de óleo, para transformar o produto em algo mais disputado e, conseqüentemente, mais caro. Mas não há total consenso entre eles. Hoje, produzem petróleo tanto o México e a Venezuela como os países do Oriente Médio, a Rússia e a Noruega. Só a notícia de que um deles possa bambear, e largar o cartel, faz o preço despencar. "É uma fase. O mais provável é que os preços caiam para um patamar entre 20 e 25 dólares", diz o consultor Milton Franke, especialista nesse mercado.
http://veja.abril.com.br/150300/p_125.html

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