segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Diálogo entre religiões, «risco que devemos correr», segundo cardeal Tauran

Diálogo entre religiões, «risco que devemos correr», segundo cardeal Tauran
Não se trata de «negociar», mas de «conhecer-se» mutuamente

NÁPOLES, sexta-feira, 28 de novembro de 2008 (ZENIT.org).- O diálogo inter-religioso é um risco que é necessário correr, que a sociedade inteira precisa e que para os católicos pode consistir uma graça. Assim afirmou o cardeal Jean Louis Tauran, durante seu discurso de abertura do ano acadêmico na Pontifícia Faculdade Teológica da Itália Meridional, divulgado pelo L'Osservatore Romano em sua edição de hoje.
O risco que existe neste diálogo é «o de cair no sincretismo», ainda que este risco é «relativo» se «cada crente exercita sua razão em aprofundar em sua própria fé para dar razão dela», explicou. Mas também pode ser uma graça, porque «põe os crentes em permanente estado de vigilância espiritual, obriga a serem coerentes e testemunhas», acrescentou.
O diálogo inter-religioso supõe um desafio particular para os cristãos, segundo o cardeal, porque «apresenta o problema de como conciliar nossa fé em Cristo como único mediador, com o apreço dos valores positivos que encontramos em outras religiões».
O purpurado se referiu à doutrina contida no documento conciliar Nostra Aetate, e explicou que em todo ser humano «está a luz de Cristo e, em conseqüência, todo o positivo que existe nas religiões não são trevas», mas «participa da grande luz que brilha sobre todas as luzes».
Este diálogo, que «não é entre religiões, mas entre homens religiosos», tem quatro aspectos diferentes: o diálogo da vida, pelo qual os crentes compartilham alegrias e provas; o das obras, pelo qual colaboram no bem-estar de todos; o teológico, quando é possível um intercâmbio entre as heranças religiosas (caso do judaísmo, por exemplo); e o espiritual, que põe à disposição do outro a própria vida de oração.
Em resumo, explicou que o diálogo «é a busca de compreensão entre dois sujeitos, com ajuda da razão, frente a uma interpretação comum de seu acordo ou desacordo».
«Não se trata de ser amável para agradar o outro, nem de uma negociação diplomática, mas de, sem renunciar à própria fé, deixar-se interpretar pelas convicções do outro. Não se trata obviamente de buscar uma religião universal, ou um mínimo denominador comum entre todas as religiões.»
«Trata-se de reconhecer que Deus está presente e opera na alma de quem o busca com sinceridade», acrescentou.
Necessidade do diálogo
O cardeal Tauran explicou que, contrariamente à famosa tese do filósofo Huntington sobre o choque de civilizações, a necessidade do diálogo parte da «realidade multi-religiosa e multiétnica atual».
«Não existe uma civilização religiosamente pura, mas civilizações complexas que se transformam com um processo permanente de interação», explicou.
Também, acrescentou, «Deus voltou a nossas sociedades. Nunca se havia falado tanto de religião como agora». Neste sentido, fez sua a afirmação do presidente francês Sarkozy, de que a sociedade do século XXI «está marcada por duas preocupações, a ambiental e a religiosa».
Neste sentido, o cardeal reconheceu que a necessidade do diálogo inter-religioso se manifestou graças aos muçulmanos.
«São os muçulmanos que, na Europa, convertidos em uma minoria significativa, pediram espaço para Deus na sociedade», admitiu.
Uma segunda causa do diálogo é que hoje as religiões «se percebem como um perigo».
«As religiões são capazes do melhor e do pior. Podem colocar-se ao serviço de um projeto de santidade ou de alienação. Podem pregar a paz ou a guerra. Daí a necessidade de conjugar fé e razão, pois ir contra a razão, na realidade, é ir contra Deus», acrescentou.
O diálogo também pode fazer um «grande serviço à sociedade», pois «os crentes estão chamados também a contribuir para o bem comum, para uma solidariedade autêntica, para a superação das crises, para o diálogo intercultural».
As autoridades deveriam «favorecer o diálogo entre as religiões» e a tomar delas os valores «susceptíveis de contribuir para o bem comum dos cidadãos», para que estes «não sejam escravos das modas, do consumismo e do benefício».
Fonte: ZP081128 Zenit.org

Papa constata avanço no diálogo com ortodoxos
Recorda Santo André, patrono do patriarcado de Constantinopla

CIDADE DO VATICANO, domingo, 30 de novembro de 2008 (ZENIT.org).- Bento XVI constatou com alegria os avanços que se dão no diálogo entre católicos e ortodoxos, ao celebrar neste domingo a festa do apóstolo Santo André, patrono do patriarcado ecumênico de Constantinopla.
O pontífice agradece a Deus ao constatar que as relações entre os filhos destas Igrejas se fazem cada vez mais profundas em uma mensagem enviada nesta data ao patriarca ecumênico Bartolomeu I.
Após rezar o Ângelus neste domingo, o Papa recordou os laços que unem Constantinopla com Roma, pois André, patrono do patriarcado ecumênico, era o irmão de Simão Pedro, primeiro bispo de Roma.
Por ocasião desta data, segundo a tradição, o Papa enviou a Istambul em visita ao patriarca uma delegação da Santa Sé, dirigida pelo cardeal Walter Kasper, presidente do Conselho Pontifício da Promoção para a Unidade dos Cristãos.
Em sua mensagem ao patriarca, Bento XVI constata «com alegria e ação de graças que as relações entre nós estão entrando progressivamente em níveis mais profundos, enquanto renovamos nosso compromisso por continuar no caminho da oração e do diálogo».
«Confiamos em que nosso caminho comum chegue a esse dia bendito no qual louvaremos a Deus juntos e a uma celebração compartilhada da Eucaristia».
«A vida interior de nossas Igrejas e os desafios do mundo moderno exigem urgentemente este testemunho de unidade entre os discípulos de Cristo», conclui em sua mensagem ao patriarca.
Como sinal dos laços que se criaram entre Roma e Constantinopla, o Papa menciona as três visitas que no último ano fez à cidade eterna o Patriarca Bartolomeu I. A última foi para intervir, com um ato sem precedentes na história, no Sínodo dos Bispos, reunido no Vaticano, sobre a Palavra de Deus, durante o mês de outubro.
Fonte: Zenit.org

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