quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

O FILTRO - REVISTA ÉPOCA - Juliano Machado

Este é O Filtro, um roteiro do que há de mais relevante nos principais jornais do país hoje. Todas as manhãs, de segunda a sexta-feira, o boletim eletrônico estará disponivel no site de ÉPOCA.Boa leitura.

As dez mais de 18 dezembro DE 2008
1. Ninguém segura a queda do petróleo
Há poucos meses, os grandes produtores de petróleo sentiam-se poderosos como nunca. O preço do barril estava perto de US$ 150. Mas nada como uma crise financeira global. Os compradores enxugaram gastos e a demanda desabou – junto com ela, as cotações da commodity. O Globo dá manchete para a decisão histórica da Opep, que reúne os maiores exportadores de petróleo, de reduzir a oferta diária em 2,2 milhões de barris. Nada indica, porém, que essa tentativa desesperada de frear a derrocada dos preços, atualmente em US$ 40 o barril, vá ter êxito. De qualquer forma, o The Wall Street Journal afirma que a medida é “uma rara dose de boa notícia para EUA, Japão e outras economias em crise que dependem muito de importação de petróleo”.


2. Governo pode liberar até R$ 95 bi para crédito
O governo anunciou mais medidas para tentar ampliar a oferta de algo que anda escasso em tempos de crise: crédito. Um dos principais beneficiados serão pequenos e médios bancos, diz a Folha (para assinantes), especialmente os que operam com financiamento de carros novos e usados e estão com dificuldade de conseguir recursos para fazer suas operações. Por meio do Fundo Garantidor de Crédito, serão oferecidos até R$ 9 bilhões a essas instituições. Além disso, o governo decidiu reduzir o IPI para caminhões, e foi liberada a entrada da Caixa Econômica no financiamento ao comércio exterior. A estimativa é de que o pacote possa injetar até R$ 95 bilhões no mercado.


3. A tal OEA do B
A tentativa – pelo menos no discurso – de se distanciar dos Estados Unidos marcou a cúpula dos chefes de Estado da América Latina e Caribe, encerrada ontem na Costa do Sauípe (BA). O encontro terminou, como se esperava, sem nenhuma proposta consistente de aliança entre as nações latino-americanas, mas alguns presidentes lançaram a idéia de um fórum próprio para discussão de problemas no continente, mas sem os Estados Unidos. Como diz O Globo (íntegra para assinantes), seria uma espécie de “OEA do B”, em referência à Organização dos Estados Americanos, da qual os americanos fazem parte. É difícil acreditar que isso não passe de bravata. A conferir.


4. Lula faz piada sobre sapatada contra Bush
O clima no litoral baiano não estava mesmo convidativo para os americanos. Além de terem sido excluídos das conversas formais, eles foram motivo de piada entre os líderes latino-americanos. Na verdade, mais especificamente o presidente George W. Bush e o episódio da sapatada de um jornalista iraquiano, no qual ele quase foi vítima. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, anfitrião do evento, foi quem mais fez troça da desgraça alheia: antes de iniciar a entrevista de ontem, pediu aos repórteres que não tirassem seus sapatos. “Como aqui faz muito calor, a gente vai perceber o chulé antes que alguém decida jogá-los”. Não satisfeito, Lula ainda fez um gesto sugerindo que ia tirar seu sapato para jogar contra um jornalista que se alongou muito numa questão, como relata o Estadão (para assinantes). Sapato na cabeça dos outros é refresco...


Política
5. De madrugada, Senado aprova mais 7,3 mil vereadores
O Senado aprovou uma proposta de emenda à Constituição que recriou 7.343 dos 8 mil cargos a vereador cortados pelo TSE em 2004, à época com o objetivo de reduzir gastos e adequar o tamanho das Câmaras ao número de eleitores de cada município. Agora, informa a Agência Brasil, o país salta de 51.748 para 59.791 vereadores. Durante a semana, vereadores de várias regiões peregrinaram por Brasília tentando convencer os senadores a decidir sobre o projeto ainda este ano. Deu certo. A sessão que aprovou a medida foi realizada de madrugada, cheia de suplentes e com o cumprimento relâmpago dos prazos constitucionais de discussão da matéria – ou seja, não se discutiu nada. Assim, de afogadilho, as Câmaras voltarão a ser infladas.


6. A ficção do Orçamento de 2009
Não é história da carochinha. Para tapar os principais buracos da lei orçamentária, o relator-geral do Orçamento da União de 2009, senador Delcídio Amaral (PT-MS), fechou um acordo com o governo sobre o uso de uma verba fictícia de R$ 2,5 bilhões oriunda da venda de sucatas da extinta Rede Ferroviária Federal. O Estadão informa que o dinheiro arrecadado serviria para recompor parcialmente os cortes que sofreram algumas áreas estratégicas, como Educação e Ciência e Tecnologia. O que a história não diz é que esse dinheiro não é um acréscimo às receitas, mas um engodo pelo corte de R$ 4,1 bilhões que esses setores sofreram no Orçamento do ano que vem. O que soa mais irreal é a inversão de prioridades do governo. Enquanto saúde e ensino perdem verbas, o programa Turismo Social e o Esporte e Lazer na Cidade receberam R$ 2 bilhões e R$ 868 milhões, respectivamente.


Saúde
7. Celebridades não podem mais fazer propaganda de remédios
Os rostinhos bonitos das celebridades não poderão mais aparecer em comerciais recomendando medicamentos. Segundo a Folha (para assinantes), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) estipulou novas normas para a publicidade de remédios e impôs uma série de restrições à distribuição de brindes, pagamento de passagens e oferta de amostras grátis aos médicos. Segundo o ministro da saúde, José Gomes Temporão, o endurecimento das regras foi feito para diminuir o número de intoxicações por medicamentos, provocado pelo excesso de incentivo à compra e consumo de remédios sem orientação médica. As medidas são bem-vindas, especialmente no que se refere ao corte nos agrados oferecidos aos médicos pela indústria farmacêutica com intuito de gerar uma “fidelização” dos medicamentos.


Forças Armadas
8. Plano de defesa será lançado hoje
A BBC Brasil traz reportagem afirmando que a Estratégia Nacional de Defesa será divulgada hoje pelo governo federal, com três vertentes principais – a reorganização das Forças Armadas, que passarão a operar de forma unificada; sua formação, que deve atingir todas as classes sociais e não apenas “os pobres"; e a reestruturação da indústria de defesa. Para um analista ouvido pela BBC Brasil, é importante que a Presidência esteja “chamando para si a responsabilidade pela Defesa”, algo inédito. Só falta saber como o plano será recebido por civis e militares – e, principalmente, como o plano sairá do papel para virar realidade.


Mundo
9. Obama se dá um prazo de 2 anos para fechar Guantánamo
Eleito a personalidade do ano pela revista Time, o presidente eleito dos EUA, Barack Obama, deu a seu governo um prazo de dois anos para fechar, “de forma responsável”, a prisão da base naval de Guantánamo, onde estão diversos acusados de terrorismo. Em entrevista para a Time, Obama falou do assunto ao ser questionado sobre o que os eleitores deviam esperar de sua administração daqui a dois anos. No campo da política internacional, o fechamento de Guantánamo foi o primeiro item, seguido pelo compromisso de encontrar um “equilíbrio” entre a segurança e a Constituição americanas. Obama já fez várias vezes essa promessa, mas ainda não há uma proposta concreta sobre como e onde os suspeitos serão julgados nem sobre o destino dos muitos já declarados inocentes.


Esporte
10. Projeto tenta inibir assédio a jovens craques
Há cerca de um mês, ÉPOCA Online mostrou em reportagem como meninos de até 9 anos passaram a ser assediados por empresários e clubes de futebol e quais os efeitos dessa prática. Hoje, o jornal O Globo (para assinantes) publica uma reportagem sobre um projeto de lei do deputado e dirigente do Vitória José Rocha (DEM-BA), que cria um contrato para vincular jogadores de até 14 anos com os clubes. O auge do assédio aos adolescentes se dá até os 16 anos, pois é com essa idade que o primeiro contrato profissional pode ser assinado. A intenção de Rocha parece ser boa, pois afastará dos jovens atletas os muitos empresários que nem sempre praticam sua profissão de forma ética. É importante, no entanto, que esses contratos não favoreçam apenas os clubes, criando situações em que os adolescentes não tenham alternativas para deixar os clubes.


Com José Antonio Lima e Thiago Cid


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FONTE: O Filtro - Juliano Machado

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