quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Bento XVI: «É necessário promover um turismo respeitoso e solidário com a criação»

Documentação



Bento XVI: «É necessário promover um turismo respeitoso e solidário com a criação»
Audiência aos participantes do encontro por ocasião da Jornada Mundial do Turismo


CASTEL GANDOLFO, segunda-feira, 29 de setembro de 2008 (ZENIT.org).- Oferecemos na íntegra o texto da audiência concedida por Bento XVI aos participantes do encontro promovido pelo Centro Turístico Juvenil (CTG) da Itália e pela Sala Internacional de Turismo Social (BITS) por ocasião da Jornada Mundial do Turismo, no dia 27 de setembro passado, no Palácio Apostólico de Castel Gandolfo.
* * *
Senhor cardeal,
venerados irmãos no episcopado e no sacerdócio,
queridos amigos,
Acolho-vos com alegria e vos dou-vos minhas cordiais boas-vindas. Agradeço ao cardeal Martino, presidente do Conselho Pontifício para os Migrantes e Itinerantes, por ter-me exposto as motivações do encontro de hoje, e ter-se feito intérprete também de vossos sentimentos. Saúdo o arcebispo Agostino Marchetto, secretário do dicastério dedicado à pastoral da mobilidade humana, na qual também entra a pastoral do turismo. Minha saudação se estende à Sra. Maria Pia Bertolucci e a Dom Guido Lucchiari, presidente e consultor eclesiástico, respectivamente, do Centro Turístico Giovanile (CTG), principal artífice desta visita, e ao Dr. Norberto Tonini, presidente do Internazionale del Turismo Sociale (BITS), que se associou à iniciativa. Uma afetuosa saudação a todos vós aqui presentes.
Nosso encontro acontece por ocasião da celebração da Jornada Mundial do Turismo. O tema deste ano, «O turismo enfrenta o desafio da mudança climática», indica uma problemática de grande atualidade, que faz referência ao potencial do setor turístico com relação ao estado do planeta e do bem-estar da humanidade. Vossas duas instituições já estão trabalhando em um turismo atento à promoção integral da pessoa, em uma visão de sustentabilidade e de solidariedade, e isso faz de vós autores qualificados na hora de custodiar e valorizar responsavelmente os recursos da criação, imenso dom de Deus à humanidade.
A humanidade tem o dever de proteger este tesouro e de empenhar-se contra o uso indiscriminado dos bens da terra. Sem um adequado limite ético e moral, o comportamento humano pode efetivamente transformar-se numa ameaça e num desafio. A experiência ensina que a gestão responsável da Criação faz parte, ou assim deveria ser, de uma economia saudável e sustentável do turismo. Ao contrário, o uso impróprio da natureza e o abuso infligido à cultura das populações locais ferem também o turismo. Aprender a respeitar o meio ambiente ensina também a respeitar os demais e a si mesmos. Já em 1991, na encíclica Centesimus annus, meu amado predecessor João Paulo II havia denunciado o consumo excessivo e arbitrário dos recursos, recordando que o homem é colaborador de Deus na obra da Criação e não pode colocar-se no lugar d’Ele. Sublinhou também que a humanidade de hoje deve «ser consciente de seus deveres e obrigações para com as gerações futuras» (n. 37).
É necessário, portanto, sobretudo no âmbito do turismo, grande usuário da natureza, que tendam a uma gestão equilibrada do nosso habitat, da que é nossa casa comum e que o será para todos que virão depois de nós. A degradação do ambiente só pode frear-se com uma cultura adequada do comportamento, que inclua estilos de vida mais sóbrios. Daí a importância, como recordei recentemente, de educar em uma ética da responsabilidade e de «fazer as propostas mais construtivas para garantir o bem-estar das gerações futuras (Discurso no Eliseu, L’Osservatore Romano, 13 de setembro de 2008, p. 8).
A Igreja também compartilha com vossas instituições e outras organizações similares o empenho para difundir o chamado «turismo social», que promove a participação das classes mais pobres e que pode ser um instrumento de luta válido contra a pobreza e a fragilidade, criando empregos, custodiando os recursos e promovendo a igualdade. Este turismo representa um motivo de esperança em um mundo no qual se acentuam as distâncias entre quem tem de tudo e quem sofre a fome, a seca. Desejo que a reflexão por ocasião desta Jornada Mundial do Turismo, graças ao tema proposto, consiga influenciar positivamente o estilo de vida de tantos turistas, de modo que cada um ofereça sua contribuição ao bem-estar de todos, que é, em definitivo, o de cada um.
Dirijo, finalmente, um convite aos jovens, para que, através de vossas Instituições, apóiem e sejam atores de comportamentos dirigidos à estima da natureza e à sua defesa, em uma perspectiva ecológica correta, como sublinhei muitas vezes por ocasião da JMJ de Sydney, no mês de julho passado. Compete também às novas gerações promover um turismo saudável e solidário, que proíba o consumismo e o esbanjamento dos recursos da terra, para dar espaço a gestos de solidariedade e amizade, de conhecimento e compreensão. Deste modo, o turismo pode converter-se em um instrumento privilegiado de educação para a convivência pacífica. Deus vos ajude em vosso trabalho. Por minha parte, estai seguros, eu vos prometo uma lembrança na oração, enquanto envio com afeto a bênção apostólica a vós aqui presentes, aos vossos entes queridos e aos membros de vossas beneméritas instituições.
[Tradução: Élison Santos. Revisão: Aline Banchieri.
© Copyright 2008 - Libreria Editrice Vaticana]
fonte:http://www.zenit.org

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