quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Bento XVI propõe João Paulo I como modelo de humildade

Alocução por ocasião do Ângelus


CIDADE DO VATICANO, domingo, 28 de setembro de 2008 (ZENIT.org).- Publicamos as palavras que Bento XVI dirigiu neste domingo ao rezar a oração mariana do Ângelus junto aos peregrinos reunidos no pátio do Palácio Apostólico de Castel Gandolfo.
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Caros irmãos e irmãs!
Hoje a liturgia nos propõe a parábola evangélica dos dois filhos enviados pelo pai para trabalhar em sua vinha. Destes, um diz rapidamente «sim», mas depois não vai; o outro, ao contrário, rejeita na hora, mas depois, arrependendo-se, atende o desejo paterno. Com esta parábola, Jesus reafirma sua predileção pelos pecadores que se convertem e nos ensina que deseja humildade para acolher o dom da salvação. Também São Paulo, no trecho da Carta aos Filipenses que hoje meditamos, nos exorta à humildade: «Não façais nada por rivalidade ou vanglória – escreve –, mas cada um de vós, com toda humildade, considere os outros superiores a si mesmo» (Fl 2, 3). São estes os mesmos sentimentos de Cristo, que, despojado da glória divina por amor a nós, fez-se homem e se rebaixou até morrer crucificado (cf. Fl 2, 5-8). O verbo utilizado – ekenôsen – significa literalmente que Ele «esvaziou-se de si mesmo» e traz à clara luz a humildade profunda e o amor infinito de Jesus, o Servo humilde por excelência.
Refletindo sobre estes textos bíblicos, pensei imediatamente no Papa João Paulo I, de quem justamente hoje completa o trigésimo aniversário de morte. Ele escolheu como lema episcopal o mesmo de São Carlos Borromeu: Humilitas. Uma só palavra que sintetiza o essencial da vida cristã e indica a virtude indispensável de quem, na Igreja, é chamado ao serviço da autoridade. Em uma das quatro audiências gerais ocorridas durante seu brevíssimo pontificado, ele disse, entre outras coisas, com aquele tom familiar que o distinguia: «Limito-me a recomendar uma virtude, tão cara ao Senhor: disse: aprendei de mim que sou manso e humilde de coração… Ainda que haveis realizado grandes coisas, dizei: somos servos inúteis». E observou: «Ao invés disso, a tendência, em nós todos, é justamente ao contrário: exibir-se» (Ensinamentos de João Paulo I, p. 51-52). A humildade pode ser considerada seu testamento espiritual.
Graças justamente a esta sua virtude, bastaram 33 dias para que o Papa Luciani entrasse no coração das pessoas. Nos discursos, ele usava exemplos trazidos de fatos da vida concreta, de suas lembranças de família e da sabedoria popular. Sua simplicidade era veículo de um ensinamento sólido e rico, que, graças ao dom de uma memória excepcional e de uma vasta cultura, ele embelezava com numerosas citações de escritores eclesiásticos e profanos. Foi assim um incomparável catequista, seguindo os passos de São Pio X, seu conterrâneo e predecessor, na cátedra de São Marcos e depois na de São Pedro. «Devemos nos sentir pequenos diante de Deus», disse naquela mesma audiência. E acrescenta: «Não me envergonho de me sentir como um menino diante de sua mãe: Acredita-se na mãe; eu acredito no Senhor, naquilo que Ele me revelou» (ibid, p. 49). Estas palavras mostram toda a grandeza de sua fé. Enquanto damos graças a Deus por tê-lo dado à Igreja e ao mundo, enriqueçamo-nos com seu exemplo, empenhado-nos em cultivar sua mesma humildade, que o tornou capaz de falar a todos, especialmente aos pequenos e aos assim chamados distantes. Invocamos por isso Maria Santíssima, humilde Serva do Senhor.
[Tradução: José Caetano. Revisão: Aline Banchieri.
© Copyright 2008 - Libreria Editrice Vaticana]
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Crônicas romanas



Futuro dos EUA em Roma
Pontifício Colégio Norte-Americano se aproxima da capacidade total


Por Elizabeth Lev*
ROMA, domingo, 28 de setembro de 2008 (ZENIT.org).- O retorno dos seminaristas invariavelmente assinala a chegada do outono romano. Em nenhum lugar do mundo a Igreja parece tão vibrante, jovem e cheia de energia como em Roma no final de Setembro, quando caras novas de clergyman enchem as ruas, caminhando decididamente através da cidade até suas classes.
Um grande número desses futuros sacerdotes são americanos vindos de dioceses dos 50 estados. Esse fortalecimento da esperança para a Igreja nos Estados Unidos se localiza sobre o ombro direito da Basílica de S. Pedro, no Pontifício Colégio Norte-Americano (PCNA).
Este outono, o Colégio Norte-Americano parece estar ainda maior com a acolhida de um número recordista de seminaristas para o primeiro ano, 61 «novos homens». O número total de 208 estudantes fará o seminário chegar perto de sua capacidade total.
Os estudantes vivem no local embora eles caminhem na cidade todos os dias para assistirem aulas na Universidade Gregoriana (Jesuíta) ou na Universidade dominicana Angelicum.
O Colégio está situado na colina de Gianicolo, a poucos passos do Bambino Gesu, o mais antigo hospital pediátrico da Itália. Perto também está o estacionamento de ônibus do Vaticano, construído durante o Grande Jubileu do ano 2000, para acolher os ônibus dos turistas. Em meio a tudo isso, o PCNA oferece um prazeiroso oásis de tranqüilidade, oração e estudo.
O beato Pio IX, a despeito de suas muitas dificuldades internas durante a unificação da Itália, demonstrou sua preocupação pastoral com a Igreja dos Estados Unidos quando propôs a idéia de um seminário em Roma para a formação de sacerdotes americanos.
Roma, pressentiu o Santo Padre, pode ensinar a esses jovens rapazes sobre a universalidade da Igreja, a longa história e tradição do Cristianismo e o magistério do sucessor de Pedro. Para levar adiante este plano, o Papa doou o primeiro pedaço de terra para o colégio.
Em 8 de dezembro de 1859, a primeira residência do Colégio Norte-Americano foi inaugurada na Casa Santa Maria, na Via Dell’Umiltà, próxima da Fontana de Trevi, e dedicada à Imaculada Conceição.
Após a unificação da Itália, o estado Italiano confiscou a Casa Santa Maria, como fez com outros prédios da Igreja. Somente a intervenção do presidente americano Chester Arthur com o pedido dos bispos americanos salvou a propriedade.
No final da Segunda Guerra Mundial, as vocações nos Estados Unidos cresceram a tal ponto em que a Casa Santa Maria não podia mais acomodar os seminaristas, então o Colégio Norte-Americano se mudou para o parque Villa Gabrielli. O novo local, que goza do status de ser uma propriedade extra-territorial do Estado da Cidade do Vaticano, foi inaugurado em 8 de dezembro de 1952, por Pio XII em pessoa.
Oásis na cidade
O edifício do PCNA foi desenhado pelo Conde Enrico Pietro Galeazzi em um estilo moderno pensado para explorar as qualidades do ar puro e da natureza no local. Quanto simples e austero, os amplos corredores e grandes janelas permitem a passagem da luz e da brisa fresca e os jardins oferecem a serenidade da natureza para a oração.
O coração da estrutura tinham uma série de capelas situadas uma em cima da outra. O nível mais baixo continha a capela da cripta, enquanto que o segundo nível foi decorado com inúmeros pequenos altares laterais onde os sacerdotes podiam celebrar suas Missas. O Conde Galeazzi quis ser sepultado nessa capela onde ele estaria rodeado por orações dos jovens seminaristas.
A capela mais alta é dedicada à Imaculada Conceição. O espaço aberto ostenta uma miscelânea de estilos modernos, um tipo de universalidade em expressão artística. De relevos em pedra ilustrando os sacramentos enquadrando o altar em um Romanesco atualizado aos vitrais e interpretações expressionistas das histórias do Velho e Novo Testamento ao longo da nave, a capela abrange a decoração tradicional de uma igreja em estilo contemporâneo.
A capela é dominada por um mosaico da Imaculada Conceição projetado pelo Conde Galeazzi. Ele desenhou a Santa Mãe em pé sobre uma lua crescente com sua mãe direita levantada em sinal de bênção e sua mãe esquerda segurando um globo encimado com a cruz.
Anjos flutuam sobre ela levando consigo lírios e uma coroa, enquanto sob ela estão São Gregório Magno, Francisco de Paula, João Maria Vianney e Pio X.
Como a arte da capela, os santos representam fé e devoção através dos séculos da Igreja.
Deixando uma marca
Visitei o Colégio com um sacerdote que viveu aí como seminarista em sua juventude e estava agora participando de um programa de educação teológica continuada, que ocorre no mesmo prédio.
Seu amor pelo lugar de sua formação sacerdotal e sua vívida memória da arte e arquitetura da construção mostra o impacto que um seminário pode ter na vida de um sacerdote.
A primeira coisa que ele me trouxe para ver foi um mosaico estonteante, que adorna a entrada do complexo. Projetado para a inauguração do novo local em 1953, o trabalho representa a antiga residência dos seminaristas, a Casa Santa Maria.
O trabalho foi desenhado por Nello Ena, famoso arquiteto italiano, e executado pelo Laboratório de Mosaicos do Vaticano. Composto de ladrilhos coloridos e brilhantes e contornado por respingos de ouro, o mosaico sobrepõe uma miríade de construções compondo a Casa Santa Maria em um tipo de colagem.
Uma bela torre de tijolos medieval adornada com brilhantes sinos presos sob uma clássica cúpula com uma imagem de Nossa Senhora. Pórticos Arqueados, colunas honoríficas e ruínas antigas, tudo desenhado junto dá uma idéia de densas camadas de história que formaram Roma e a Igreja.
Essa amável obra de arte foi um presente de Claire Boothe Luce, ela mesmo um memorável mosaico de dons e complementos. Ela iniciou sua carreira como modelo/atriz e depois passou a escrever. Tornou-se uma autora brilhante e muitas de suas obras receberam clamor da crítica.
Após o casamento com Henry Luce, editor da revista Time and Life, Claire Boothe Luce se tornou jornalista. Daí eram poucos passos até a política.
Claire, convertida ao Catolicismo em 1946 escreveu sobre sua conversão em uma série de artigos para a revista McCall. Em 1953 ela se tornou embaixadora dos Estados Unidos na Itália. Um de seus primeiros atos após sua chegada foi encomendar o mosaico como um presente para os seminaristas para sua nova residência.
Através dos rostos brilhantes dos futuros sacerdotes, a união do moderno com a antiga tradição e a miríade de experiências e histórias das pessoas, o Colégio Norte-Americano apresenta tudo de bom que os Estados Unidos têm para oferecer.
[*Elizabeth Lev é professora de arte cristã e arquitetura no campus italiano da Universidade de Duquesne.]
fonte:zenit.org

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